domingo, 10 de janeiro de 2010

O Mote

Idólatras,

É com surpresa, repetidas vezes tenho dito isto mas continua a ser verdade, que aqui venho hoje escrever-vos. Não por que mereçais, não por isso, que ninguém merece o castigo de ser vergastado pela minha nigérrima chibata duas vezes num espaço tão curto de um ano tão recém-chegado e muito menos depois de uma laceração e martírio tão longos como foram os do post que precede ao corrente; o anterior, portanto. No entanto, tenho algo novo a mostrar. D'um novo que já é algo velho e muito usado, quase tão bom como dizer que algo numa loja de antiguidades é uma novidade ou que há, por ironia, novidades num museu. Estou abismado como me acometi, por um lado, e permiti, por outro, a fazer este post, sabendo bem do trabalho que o outro deu a escrever. Cairão as Resoluções de Ano Novo em saco roto, ficarão em águas, ironicamente, de bacalhau, até a alturas próximas de um próximo nascimento de cristo, que , segundo consta dos escritos, nunca foi sequer consultado para a aprovação democrática e justa desta coisa do bacalhau ou até mesmo do perú.
Mas esta temática já dista alguns parsecs daquilo que me traz aqui, uma composição poética entre um Camões e um Pessoa, ambos mensageiros da grandeza de um Portugal que, ou se perdeu, ou já perdido andava mas ainda havia esperança. Eu sou um esperançado.


O Mote
Aqui começa onde acabará o novo mundo,
D’areia clara donde se, claro, estende
Imponente e temeroso e sitibundo
O chão salgado para’a gente que o desvende.
E mais escuro não pode ser o negro fundo,
Negrume tal que qualquer mortal se rende,
Mas o não teme quem domá-lo quer,
Que de Portugal nunca’é mortal nem é qualquer!

E quanto o sonho diste é tanto quanto
O luso peito sabe ter de navegar,
Que no mesmo grito abafado e triste pranto
Onde se guerreou até morrer ou sem matar,
Não cabe mísera essa glória, o frio espanto,
Dos que se deixam, vivos-mortos, conquistar.
Não é de Portugal quem se assim rende
E que às memórias de Henriques, tolo, ofende.

E quantos são, de pena em punho, a cantar,
Por trovas várias, chamando a nós os tempos idos
Não careces, ó Portugal, do que falar
Nem de quem cante com voz e punho decididos,
Pudera quem te assombra ter os brilhos e o brilhar
Das esferas que te não deram os deuses, recolhidos.
Que se não abriu o mar em caminhos sem sofrer
Aos escolhidos que se fizeram escolher!

Rafael Cardoso Oliveira

Citações exortativas:

"’Sperai. Cai no areal e na hora adversa
Que Deus concede aos seus
Para o intervalo em que esteja a alma imersa
Em sonhos que são deus.

Que importa o areal e a morte e a desventura
Se com Deus me guardei?
É O que eu me sonhei que eterno dura
É Esse que regressarei.”
Fernando Pessoa, Mensagem

"Xerxes: There will be no glory in your sacrifice. I will erase even the memory of Sparta from the histories! Every piece of Greek parchment shall be burned. Every Greek historian, and every scribe shall have their eyes pulled out, and their tongues cut from their mouths. Why, uttering the very name of Sparta, or Leonidas, will be punishable by death! The world will never know you existed at all!

King Leonidas: The world will know that free men stood against a tyrant, that few stood against many, and before this battle was over, that even a god-king can bleed. "
300, Zack Snyder

Mr. Creedy(while shooting at V): DIE! DIE! WHY WON’T YOU DIE?!... Why won't you die?...”
V: Beneath this mask there is more than flesh… There is an idea, Mr.Creedy. And ideas are bulletproof.”
V for Vendetta, Waschowski Brothers

"Maximus: [removes helmet and turns around to face Commodus] My name is Maximus Decimus Meridius, commander of the Armies of the North, General of the Felix Legions, loyal servant to the true emperor, Marcus Aurelius. Father to a murdered son, husband to a murdered wife. And I will have my vengeance, in this life or the next."
Gladiador, Ridley Scott

"I'm not done yet, mate; not by a long shot."
The Sniper

1 comentário:

Xico disse...

Tinhas mesmo que meter uma frase do Spy...