segunda-feira, 11 de julho de 2011

Poema em chamas

Comuns,

Não pretendo alongar-me muito em "desculpas por", "razões para", "momento porque" ou motivo que fundeie esta ressureição. Reapareci por estes lados, é quanto baste. É quanto vos baste. Aos apreciadores, a ressureição pela purga numa pira poética. Aos não apreciadores, os meus mais sinceros e melhores votos de que a vossa diversão pelos campos foto e fonográficos do facebook e outros campos que sei e acredito serem bem mais prazerosos, se estenda por infidáveis anos ou por infindáveis ânus, como queirais. Isto porque, se aqui sou dono, é porque não me cabe ser outra coisa e a vós cabe o papel de atentos ou desantentos leitores, sem conotações maliciosas com nada que possa ter dito. Aqui vai a salva do dia.


Poema em chamas


Prolongada e repetida é esta trova, amigo,

A trova que aqui, hoje, te fiz.

Não consigo dar-lhe outro rumo que não este,

Outro trabalho que não este, pelo trabalho a que te deste

De estar aqui, comigo, a ler a ressurreição!

Não, amigo, hoje a história é a de sempre…

É aquela velha ladainha do meu desvario, do meu esquecimento…

Do momento em que resolvi ter coisas melhores para fazer.


Hoje a poesia será simples e ideal

Não caindo nos adjectivos rebuscados que penso até não conhecer.

Bem podia explodir o mundo daqui por dez minutos

Que ainda assim o que escrevo e vou escrever

Não mudaria.

Não traria, nem trará, nada que, havendo mais história,

Nela se escrevesse também.


Está a atrapalhar-me imenso o branco deste papel

Por não me recordar de como o preencher.

Não faço mesmo ideia. Dir-me-ão que sou um charlatão,

Que enganei a todos e principalmente a mim

Quando disse que sabia, por minha mão, escrever fosse o que fosse.


E é só agora que este poema é brilhante,

Por estar a arder ante (e em) mim nesta fogueira

Que acendi e mimei por dez longos minutos.

Valham-me doravante os astutos, os argutos

E complicados adjectivos da grande civilização

De que me tenho abstido, como regra actual.


Aprecio a pira brutal que me sorri, enquanto este poema definha,

Deixo o morrer, sem o querer, mas como quem quereria…

Deixo-o morrer por saber não ter salvação.

Poesia deixada a arder sozinha,

Desfazendo-se em meus dedos

Morrendo em cinza e em senão…

Olho-me e noto não estar só,

Não tão só quanto previa.

Vejo uma ave nascer fria em minha mão.


Rafael Cardoso Oliveira

"I believe I have burst into flames!"
The Spy