segunda-feira, 10 de maio de 2010

O dos Mudos

Acordai mortais!

Após mais de 3 meses de ausência, já sentia saudades de vir aqui para poder escrever o mais livremente que me é permitido. Isto claro, dentro dos parâmetros naturais do bom gosto, da educação e do respeito pelo próximo. Mas hoje já é muitíssimo tarde para que a conversa que terei convosco noutros momentos deste blogue se alongue por mais do que algumas linhas. Linhas essas que, por meu talento, nunca dizem absolutamente nada de jeito. É bom saber que mantenho as qualidades do antigamente, quando as coisas ainda custavam escudos, ou quiçá mesmo sal. Aqui vai disto, senhores, stand your ground:

Canção dos Mudos


Disseram-me hoje que te escrevesse uma canção.

E há aqui um problema muito óbvio,

Não da minha intenção ou não de ta escrever,

Mas da maneira como me devo dirigir a ti.

Se fosse algo para ler somente, seria tão mais fácil…

Mas tem de ser algo bom e certo para ouvir também.


Propus-me logo a escrever-te, hoje, uma canção.

E não sei sequer o seu verso inicial:

Se começar com “Meu amor, meu coração”, vexo-me.

Se disser que te odeio, minto, e disso me sinto mal.

Olho a tua foto em busca de que ela me diga

O que eu não consigo dizer-te a ti.

Procuro nela, nem sequer uma canção,

Mas um assobio, um trauteio, uma cantiga,

Ao menos qualquer coisa que, uma vez mais,

Diga! Que fale! Que me inspire um bocadinho…


Que ter de recorrer aos diminutivos já me custa…

(Como me custa a rima pobre feita com jeitinho)

Onde se compra a fórmula de fazer canções?

Digam-me, por favor, por ela darei a paga justa

De admiração e respeito e maioritariamente… admiração.

Vá lá, eu não tenho dinheiro… Pagarei em preces!

Orações à padroeira de Nossa Senhora que o valha!

A uma qualquer, pagarei tudo o que me calha pagar

Até ao mais misérrimo tostão!


Hoje disse que te escreveria uma canção.

E não consigo sequer falar.


“Vem agora, menina, que as palavras

São finalmente caladas e finais.

Vem só agora que troam as guitarras,

Nos acordes da balada em que agarras

Os céus de luar e noite escura.


Vem por agora, menina, com a mais

Bonita rosa nesse teu gesto de frescura,

Diz que as demais palavras que te diga

São a mais, que são só aperto da loucura,

Que me queres sem que te diga nada.


Vem para sempre ficar formosa em formosura

Tal que as ninfas te invejem, minha fada,

Que há canções que te cantem em cada uma

Das setas que dardejem na guerra!

E dos hinos ao vento que troam no fim!

Sê minha, por favor, um só momento,

Meu amor, meu coração, minha terra.

Hoje, que te amo, canta p’ra mim.”

Rafael Cardoso Oliveira

Citação cantada:

"Meu amor,
Parece que agora vou seguir sem ti
Subir e descer,
Correr na lama e voar outra vez...

Sei muito bem onde quero chegar
E sei que não há tempo a perder
Que a tua voz me possa encorajar!

Meu amor,
Agora não fiques para ai a dormir...
Um fato de marinheiro
Não chega para se entender o mar.

Espero que aprendas bem a remar
E espero que a luz do teu farol
Te possa sempre iluminar! "
Jorge Palma


"You cannot burn me! I do NOT have time to combust!"


The Soldier (dominating a pyro)