Dividamo-nos!
Finalmente, e atendendo aos meus tão queridos e famigerados diagramas de Venn, aos de vós que estão na intersecção entre os dois grupos e que, aqui chegados, vão ficar por alguns minutos, o meu muito bom dia/tarde/noite.
Papel Quadriculado
Hoje escrevo-vos como me escrevo:
Insciente.
Hoje, insidiosamente, voltarei ao mundo da cavalaria.
Pois é, ao mundo dela, ao mundo certo da tão bela
Tão charmant e tão charmosa, tão docemente dolorosa
Poesia.
Retorno a este mundo como quem come uma empada fria
Que ninguém esqueceu (se sua era) a não ser eu.
Volto à poesia como quem volta à matemática,
Aos limites e aos números de imaginação e complexos.
Nessa recordação vazia de nexos em ecos que não são.
Hoje relembrar-me-ei de como se resolvem as inequações
E da importância vital que lhes nunca conferi, não sei porquê.
A poesia só tem mais vinte e poucas letras que uma inequação,
E nela se lê, também, o significado oculto de cada uma delas,
Nas linhas e nas formas em que resolveram dispor-se.
Hoje o processador de texto é-me demasiado lento e pesaroso,
Hoje preciso de papel e tinta, muita tinta, p’ra que me engane!
P’ra que me engasgue enquanto escrevo e rabisque todo o quadro branco
De muitas cores, ainda que só veja preto.
É preciso ir muito além dos meios centímetros das quadriculas,
É preciso não rimar especialmente, mas somente quando a rima vier.
É preciso esculpir com a chuva e a terra as coisas de que me esqueci…
Preciso de ser um menino outra vez, pelo menos aqui,
Ao menos aqui.
Hoje me assomam impaciências várias, perturbações várias.
Da matemática quadrada das coisas que eu nem sequer quero perceber.
E hoje me escapa a percepção bonita do mundo, das cousas que são coisas
E das coisas que nunca foram cousas só porque cousas é um termo ridículo.
Escapa-me o detalhe que permite fazer poemas brilhantes.
E preciso de ter mais velocidade a escrever,
Que as ideias hoje não param de surgir e desaparecer
De ir
De vir
De ir
De vir
De morrer em mim como flores secas em livros decadentes,
Flores secas em bíblias por padres pedófilos…
Na hipocrisia de quem diz saber (, de) quem faz crer,
E não é nada senão a farsa que o tomam ser
(Queria ter, nisto, um qualquer poder eidético)
Sou eu hoje isso:
Um asno poético. PUM!
Rafael Cardoso Oliveira
Citação de Saudade:
"Dizes que sou chato e rezingão,
Se digo sim, tu dizes não
Como é que te vou convencer
Que às vezes também podes
Ter razão."
Jorge Palma
"I'm done playin' games with you, junior..."
The Engineer