Mas bom, o que me trás aqui não é a felicidade de quem quer que seja nem, por oposição, a infelicidade de ninguém; estou hoje aqui, às 6 da manhã, não porque sou um rapaz madrugador que tem de ir levar o rebanho a pastar ou apanhar hortaliças a esta hora, ou muitas outras coisas que as pessoas decentes e trabalhadoras fazem mas que a mim não me concernem de todo. Estou aqui pelo simples facto de ainda não me ter ido deitar, o que está a deixar quer os meus olhos, quer os meus neurónios à beira da revolta. Seria uma explicação gira para estar aqui e em parte bastante verdadeira, mas não valeria os minutos de precioso sono que me está a retirar.
Assim sendo, estou aqui para vos colocar, caríssimos leitores, uma questão. Questão essa de interpretação, uma vez que o título assim o solicita e sem qualquer surpresa, porque fui eu que o escrevi há cerca de 2 a 3 minutos.
Gostaria imenso (note-se que quase não caibo em mim, tal é a emoção) que tentassem interpretar este poema que se segue. Não há nada como por essas vossas cabeças habituadas ao descanso a funcionar! E eu sempre adorei trabalho escravo (Nota: A escravidão p'ra mim nada tem a ver com o tom de pele, se alguém quiser efectivamente, por bondade da sua alma, ser meu escravo ou, quem sabe, escrava estou completamente disponível). Devo lembrar-vos que isto já foi tentado uma vez através de um post que chamei "Sufrágio", mas agora interessa-me mesmo uma interpretação por palavras até porque escolher uma coisa que eu escrevi de entre uma pequena lista delas me parece, hoje, extremamente redutor da vossa capacidade.
Aqui vamos nós:
Chave
Meio do primeiro espaço, sobe, segunda linha,
Segundo espaço, curvando-se, passa-lhe a terceira linha
Como uma secante, marcando o descer encurvado,
Dobrado até à segunda linha através do homónimo espaço,
Que toca e passa continuando a curvatura pelo primeiro,
Toca de novo o primeiro traço numa pancada seca que eleva a linha
E a leva de novo ao traço de onde vinha, na mais linda das meias-luas.
Tem agora a forma de um pequeno e sinistro caracol, a preto e branco,
Quando o sol o não doira para que o venha saudar alegremente,
Aqui, se o faz ou não, não importa, que a curva continua excentricamente,
Serrando numa diagonal pouco comum: o segundo espaço, a terceira linha,
O terceiro espaço, a quarta linha, o quarto espaço, a quinta linha,
Lançando-se no vortex além! Até que, ninguém sabe porque, a curva volta
Volta envolta em mistério e na revolta com que impiedosa e fina cai sobre
Todas as linhas e todos os espaços, descendendo, como a espada de luz
Que corta a negra cortina de seda que até aí não significava coisa alguma…
E quando se pensa que acabou o corte, eis que a linha vira
E se arruma à sua direita, esquerda nossa,
Engordando num ponto de excesso que nenhuma linha quereria ter.
Esta o tem, por razão que desconheço;
Não acaba no oblíquo corte de espada e iluminação
Tem de o ter p’ra que se quebre o mistério das linhas, dos espaços duros,
Precisa da forma que tem…
P’ra quem vê pontos escuros.
Na escuridão.
Rafael Cardoso Oliveira
Agora é só dizerem de vossa justiça o que acham que o texto significa, é fácil e acho que até ficou uma coisa mais ou menos soberba. Estou a brincar, ficou, por certo, soberba (espero que entendam que a ironia é uma coisa gira).
Citação Chave:
"Never tell everything at once"