segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Champô e Amaciador/Detergente e Amaciador

Caríssimos, como eu gosto disto! Ai vírgula ai vírgula ai vírgula como eu gosto disto ponto de exclamação Aliás gosto tanto disto que resolvi postar mais um poema, por certo conhecem os packs de champô e amaciador ou detergente e amaciador, não é assim? Pois bem, tomem este poema como o amaciador. E, como bom amaciador, a dosagem é pequena e só deve ser aplicada após a aplicação do produto principal; o mesmo será dizer que lá porque me lembrei de fazer mais este post hoje isso não quer dizer que o outro deva ser ignorado. E, se bem se lembram, este regime ditatorial dita que as minhas recomendações sejam palavra divina, mais que leis até, por aqui. Eu sei que a democracia é gira, mas num blogue cujo único membro sou eu, seria hipócrita ter um regime democrático não é assim? "Está claro isto?" (parafraseando Sr.ª Professora Dulce Madeira, excelsa regente de Anatomia). E como isto para amaciador já vai muito concentrado só queria fazer uma última consideração que agora me surgiu:

Porque é que o amaciador do cabelo e da roupa têm o mesmo nome?

Pode parecer um problema trivial mas dá que pensar. Senão vejamos o exemplo que muitas vezes se usa como comparação no mundo dos champôs, cabelos, estética e cosmética que é : se a artéria axilar ao passar o bordo inferior do músculo redondo maior muda de nome para artéria braquial sendo que é EXACTAMENTE a MESMA estrutura mas pela designada e célebre "paneleiris nominae anatomicae" como muda de sítio muda de nome, então porque raio é que dois produtos cuja embalagem, função, cor, textura é completamente diferente têm de ser designados simplesmente de amaciador?

Como podem ver, do ponto de vista anatómico, isto não faz qualquer sentido. E que ninguém me venha dizer que chama "amaciador de cabelo" ao amaciador ou "amaciador de roupa" ao amaciador. Sim, porque isto causa confusão e poderá gerar atritos futuros. Deixem só que eu chegue à gerência de um Pingo Doce e verão que maroteiras eu faço com embalagens de champô e amaciador. Vai ser ver as senhoras a levar Garnier e Amaciador Feno de Portugal e eu a rir-me cruel e desalmadamente (p'ra quem não sabe Feno de Portugal é uma aclamada marca de sabonete, que suponho não ter amaciador, mas isto é uma ditadura portanto a supracitada marca passa a ter temporariamente amaciador para efeitos logísticos).

Isto p'ra amaciador já vai longo, como já disse há cerca de 349 palavras e um café atrás, aqui vai o poema então:

Poema a Tinta Permanente


É bom passarem quarenta e dois minutos do meio do dia.

Não porque haja algo de especial nisso, nem haveria

Mesmo que eu o inventasse agora. É boa a precisão do tempo,

O saber que cada hora não é nova, nem o seria

Mesmo que o conceito de hora tivesse sido inventado agora.


E o tempo demora, demora e não vai melhor embora

Por eu falar mais nele ou lhe tecer elogios rasgados.

Os minutos passam contados, em segundos tique-taqueados

Aos meus ouvidos… uma e outra vez e outra vez e outra vez!…

Tenho os olhos surdos de fixar ponteiros e os ouvidos gastos e [cansados!


São agora quarenta e três…


Rafael Cardoso Oliveira


Citação complementar:


"Now you're looking for the secret.
But you won’t find it because of course, you're not really looking.

You don't really want to know.


You want to be fooled."
Cutter, The Prestige (Cutter:Michael Caine, filme de Christopher Nolan)


AVISO: Ver Post Principal do Dia. Que está abaixo deste por sinal.

Xplain

Vitae

Após longa e valorosa, diga-se também, ausência este post marca o regresso da vida a este blogue. Então nada melhor do que um poema sobre isso, ou quase sobre isso. Não há muito para dizer de resto, o Barack Obama foi eleito e o mundo mudou mas ainda não mudou o suficiente para que houvesse uma inspiração de prosa por estes lados. Não, aqui é só (ou quase só) forja de versos e já é chato que chegue.

Aqui vai:

Vitae

Há um tédio aterrador e opressivo

E uma força brusca de inspiração indizível

Que leva a escrever mesmo sem motivo,

Ainda que nada que aqui se escreva seja crível,

Aprazível ou mesmo vivo.


O problema é a concentração de tédio sobrenatural

Que não se move a favor do homónimo gradiente,

Que tudo aqui é funcional, enérgico e certo e minimal

Sem que isso diga algo além do aparente.

Aqui não há segredos, nem lendas fenomenais…

Não se pode inventar além da imaginação contada,

Contável, enclausurada e matematizada e (mate)matizável

A níveis incríveis… por paranormais.


E a metafísica disto é nula, não há nada que viva realmente,

Em nada disto há senão um tédio dormente e dolente,

Que docemente nos consome a todos. Está tudo a dormir e,

[dormindo,

Lá fora há sol a rodos e chuva zunindo e um dia tão diferente.


E pensar que a química vital não é a química da vida…

(nem o docente)

Rafael Cardoso Oliveira


Citação Vital:


"Que importa o areal e a morte e a desventura

Se com Deus me guardei?

É o que eu me sonhei que eterno dura

É Esse que regressarei."

F. Pessoa, Mensagem



Da capo al fine


X