domingo, 25 de julho de 2010

Templário

É tarde. Tenho de acordar cedo. Tinha de escrever. PUM!

Templário

Vejo-te, lá longe, voltando,
A cavalo, voltando, montado.
Vem a tua sela humedecida do teu sangue
E do teu suor e da tua merda,
Dos sopros das almas perdidas.

Vens, como se tivesses partido ontem,
E já te foste há tanto… tanto tempo.

Vens, voltando, como se passassem mil vidas,
E mais, certamente, se passaram, mais vidas levaste.
Levaste no esforço que não era matar essa gente…
Mudaste, cavaleiro, tu mudaste.

Cavaleiro, agora que voltas, p’ra me visitar,
Não te quero. Não sei se te quero ver.
Não quero ver em tua face o rubor
Envergonhado das cabeças que cortaste;
Não quero perceber quantas mulheres cobriste
E de quantos despojos te fizeste rei,
Por quantas (essas tantas) vidas que apagaste.

A cruz vermelha da tua veste enegrecida
A pintaste, mil vezes, com a cor da vida,
Mas com a cor da vida que roubavas,
Com a terra que caindo, santificavas,
Oh templário, eu não te quero ver hoje.
Hoje não sou tua mulher, nem teu filho,
Hoje não sou tua mãe, nem sequer teu deus.
Hoje, cavaleiro, estás sozinho.

Vejo na tua face o grito de crianças
O desespero de mulheres muito velhas
O grito que sufocaste nas suas gargantas
Para que não tivesses de o ouvir em sonhos.
Cavaleiro, nem sequer sou capaz de te desejar a morte,
Agora que chegas, espero que te partas,
Pois tudo o que sei ouvir da tua boca
São os gritos que me sussurras ao ouvido
São as loucuras que tua boca berra
“Faz-se assim a Terra santa
Faz-se assim a Santa guerra!”

Rafael Cardoso Oliveira

Citação de fé:

"Leões de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com seus amigos."
Jacques de Vitry

"Scotland is not a real country! You're an englishman with a dress!"
The Soldier (dominating a demoman)

sábado, 17 de julho de 2010

Errata

pequeninos leitores,

Hoje nada tenho a declarar.

Errata

O poeta errou.

É algo imensamente visto,

O sei bem, mas ele errou,

E, desta vez, far-se-á confesso,

(Ou farsear-se-á de confesso)

Como é tão impróprio de sua arte,

Falhou.


É algo que o não orgulha,

Que desperta, não nele, mas em quem

Nele mergulha, a estranheza…

A dúvida delicada de se, realmente,

Se mergulhou, ou se se andou,

Por falta de inspiração, ou por vileza,

A nadar em mares de incerteza

Tornada certa pela confiança

De que as palavras, incautas, se vestem.


O poeta hoje errou,

Queria dizer que as rosas te tinham roubado o perfume

E disse que o perfume era teu e era vulgar,

Quis num verso tombar todo o regime sem um gume

De espada para ensanguentar,

E em lugar disso o fortaleceu! Disse que era mau, sim,

Mas, por vulgar, foi preso e dado a alimentar

Às feras que são os leões na arena

Ou as gentes de uma multidão.


Hoje o poeta foi vulgar,

E previu que o homem iria à lua

Mas só nos seus sonhos, na sua loucura…

Disse que havia deus que nos protegia

E morreu com um raio na cabeça enquanto escrevia.

Hoje o poeta disse que tinha morrido para se tornar imortal

Mas se enganou. Morreu e definhou, morreu e enquanto morria

Viu a deus, cheirou teu perfume, depôs um regime,

Ensanguentou um gume, matou um leão,

Fugiu da turba, foi à lua num foguete de prata,

E morreu com um raio na cabeça!


Enquanto escrevia uma errata…

Rafael Cardoso Oliveira


Citação de erro:


"Experience is the name everyone gives to their own mistakes"

Oscar Wilde


"An expert is a person who has made all the mistakes that can be made in a very narrow area"

Niels Bohr


"Dominated, you headshoting Judas!"

The Demoman (dominating a sniper)