Templário
Vejo-te, lá longe, voltando,
A cavalo, voltando, montado.
Vem a tua sela humedecida do teu sangue
E do teu suor e da tua merda,
Dos sopros das almas perdidas.
Vens, como se tivesses partido ontem,
E já te foste há tanto… tanto tempo.
Vens, voltando, como se passassem mil vidas,
E mais, certamente, se passaram, mais vidas levaste.
Levaste no esforço que não era matar essa gente…
Mudaste, cavaleiro, tu mudaste.
Cavaleiro, agora que voltas, p’ra me visitar,
Não te quero. Não sei se te quero ver.
Não quero ver em tua face o rubor
Envergonhado das cabeças que cortaste;
Não quero perceber quantas mulheres cobriste
E de quantos despojos te fizeste rei,
Por quantas (essas tantas) vidas que apagaste.
A cruz vermelha da tua veste enegrecida
A pintaste, mil vezes, com a cor da vida,
Mas com a cor da vida que roubavas,
Com a terra que caindo, santificavas,
Oh templário, eu não te quero ver hoje.
Hoje não sou tua mulher, nem teu filho,
Hoje não sou tua mãe, nem sequer teu deus.
Hoje, cavaleiro, estás sozinho.
Vejo na tua face o grito de crianças
O desespero de mulheres muito velhas
O grito que sufocaste nas suas gargantas
Para que não tivesses de o ouvir em sonhos.
Cavaleiro, nem sequer sou capaz de te desejar a morte,
Agora que chegas, espero que te partas,
Pois tudo o que sei ouvir da tua boca
São os gritos que me sussurras ao ouvido
São as loucuras que tua boca berra
“Faz-se assim a Terra santa
Faz-se assim a Santa guerra!”
"Leões de guerra e cordeiros no lar; rudes cavaleiros no campo de batalha, monges piedosos na capela; temidos pelos inimigos de Cristo, a suavidade para com seus amigos."
The Soldier (dominating a demoman)