Bem, não há muito a dizer quanto a isto, e, nem que houvesse, digo, sem certeza, que não explicaria mais do que aqui vou revelar, até porque acusar-me a mim mesmo de plágio não acontece todos os dias. Não será bem plágio mas sim profundíssima inspiração, a havê-la, nas obras com que tenho tido contacto ultimamente: Lúsiadas e Mensagem. Por isso não admito que qualquer semelhança seja, por vós, carríssimos, tida como coincidência; o plágio dá-me honras, a sorte não (denote-se a levíssima cópia aqui também: "Louco, sim, louco, porque quis grandeza / Qual a sorte não dá", se não tivesse falado ninguém o notaria mas, em tempo de confissão, que se expurgue a alma de todos os pecados e não somente de alguns). Então aqui vos deixo, sem mais delongas, o meu húmilimo texto sobre a Divinização d'um povo que é o nosso e que em nada se compara, por um lado, aos dos meus antecessores e, por outro, ao mesmo povo.
Divinização
Senhor, onde está? Senhor, onde é? Senhor, donde vem?
Essa treva de Thanatos tão mimosa e tão segura,
Senhor que é dela? Que mesmo tudo morrendo,
A que a tudo dá o sopro horrendo assi perdura?
Manda ela mais que tu, ó nobre deus, nobre rei,
O que tudo comanda menos a morte que sonhei?
Tendes vós, senhor dos céus, a força certa e contada?
É deveras vossa a face que agora é rubra e irada?
Abri pois, vós, do firmamento a larga porta por que passe
Brilhando a gente cuja memória ainda troa,
Ruborizando dos brancos céus a ebúrnea face
E ofuscando tua divina e grã pessoa…
Tremei Senhor, mas da emoção que o marfim permite
E que a um deus tão grande como vós se bom admite!
Senhor, aqui está! Senhor, aqui é! Senhor, daqui veio!
Essa gente cuja força o mar temeu e que’o céu vergou!
Sem que à morte nem um dia O Portugal tivesse receio,
A matá-lo veio a treva que só assombra quem dobrou
Maiores sombras que as que’o mundo inteiro receou!
O povo que, pouco e pequeno, a etérea altura, grande, pisou!
Concedei-nos, ó das lonjuras mesmas em que caminhámos,
A majestade que um dia nos roubada foi, e é connosco!
Encobre os mares dessa névoa, bruma de que alimentámos
Lutas titânicas contra do grão mar o inverso oposto!
Um dia virás, ó da bruma, pelo império que aguardámos…
Mostra-te! Por quem és, grão Encoberto, Portugal sem rosto…
Rafael Cardoso Oliveira
Senhor, onde está? Senhor, onde é? Senhor, donde vem?
Essa treva de Thanatos tão mimosa e tão segura,
Senhor que é dela? Que mesmo tudo morrendo,
A que a tudo dá o sopro horrendo assi perdura?
Manda ela mais que tu, ó nobre deus, nobre rei,
O que tudo comanda menos a morte que sonhei?
Tendes vós, senhor dos céus, a força certa e contada?
É deveras vossa a face que agora é rubra e irada?
Abri pois, vós, do firmamento a larga porta por que passe
Brilhando a gente cuja memória ainda troa,
Ruborizando dos brancos céus a ebúrnea face
E ofuscando tua divina e grã pessoa…
Tremei Senhor, mas da emoção que o marfim permite
E que a um deus tão grande como vós se bom admite!
Senhor, aqui está! Senhor, aqui é! Senhor, daqui veio!
Essa gente cuja força o mar temeu e que’o céu vergou!
Sem que à morte nem um dia O Portugal tivesse receio,
A matá-lo veio a treva que só assombra quem dobrou
Maiores sombras que as que’o mundo inteiro receou!
O povo que, pouco e pequeno, a etérea altura, grande, pisou!
Concedei-nos, ó das lonjuras mesmas em que caminhámos,
A majestade que um dia nos roubada foi, e é connosco!
Encobre os mares dessa névoa, bruma de que alimentámos
Lutas titânicas contra do grão mar o inverso oposto!
Um dia virás, ó da bruma, pelo império que aguardámos…
Mostra-te! Por quem és, grão Encoberto, Portugal sem rosto…
Rafael Cardoso Oliveira
Citações d'outros louvores:
"Mas o que a eles não toca
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada."
"Os Colombos" Mensagem, Fernando Pessoa
"Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano ,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta."
Proposição Os Lusíadas, Luís de Camões
Por que se rasgue o véu,
Canto superior direito...
É a Magia que evoca
O Longe e faz dele história.
E por isso a sua glória
É justa auréola dada
Por uma luz emprestada."
"Os Colombos" Mensagem, Fernando Pessoa
"Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandro e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre lusitano ,
A quem Neptuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta."
Proposição Os Lusíadas, Luís de Camões
Por que se rasgue o véu,
Canto superior direito...
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